tunai e cirinho rio doce ragargeral
Geral

ENTREVISTA – Um gênio da MPB volta ao ES para se apresentar em Linhares e Colatina com Cirinho Rio Doce

 Um compositor e cantor sensível que embala gerações há anos. Harmonioso em seu jeito de tocar e compor, Tunai Mucci, Mineiro de Pontem Nova, é de uma geração da MPB de onde brotou e germinou  o que há de melhor em nossa música e perdura até os dias de hoje. Ele volta ao Espírito Santo para apresentações em Linhares e Colatina a convite do cantador Cirinho Rio Doce. Ouvir Tunai é uma viagem no fundo da alma. Confira a entrevista com esse gênio da MPB e super respeitado no meio artísticos graças a seu caráter.

1 – O crítico musical Regis Tadeu disse que você  não teve o reconhecimento que merece, e que sua obra está muito acima da maioria de sua geração. Concorda com ele?

R : . Em parte, sIm. Penso que Régis Tadeu é respeitado no meio musical pela sua visão que a música deve ter três coisas fundamentais: harmonia, melodia e letra, como certas canções que fazem parte da trilha sonora de milhões de pessoas e sobrevivem ao tempo, eternamente… Quanto ao reconhecimento na MPB, concordo em parte com ele, pois fui muito prejudicado pela gravadora no início da minha carreira como intérprete. Quando gravei meus discos “Todos os Tons” (1981) e “Olhos do Coração” (1983), a gravadora não fez absolutamente nada por eles e aproveito uma frase de Lennon que disse que os Beatles não seriam os Beatles se não tivessem uma grande gravadora investindo neles, assim como o empresário Brian Epstein. O disco era lançado em Londres e eu comprava dois, três meses depois em Ponte Nova/MG, minha cidade natal, Zona da Mata de Minas Gerais, distante 80km de Ouro Preto. Quanto às minhas músicas gravadas pelos grandes intérpretes (a maioria em parceira com Sérgio Natureza), fizeram muito sucesso nas vozes delas, até que gravei “Frisson” em 1984, mas aí é outra história…

tunai e cirinho rio doce ragargeral
Tunai

2 – Não se vê mais na mídia de forma massificada a MPB. A boa música se foi no Brasil ? é o começo do fim da MPB?

R – Concordo plenamente que a grande mídia se esqueceu por completo, mas nunca será o começo do fim da MPB, pois a boa música sempre terá seu lugar e a MPB que está aí não sobreviverá! É um modismo de mal gosto que começa do nada e vai dar em nada.

3 – Você roda o País e o mundo hoje com um espetáculo junto com Vagner Tiso com músicas de Elis. Como está sendo essa experiência?

RO show “Saudade da Elis (As Aparências Enganam)” com Wagner Tiso é uma alegria imensa fazer ao lado do grande pianista e arranjador, entre outras qualidades… Eu canto, toco violão e conto histórias da pessoa mais importante na minha vida musical, maior cantora de todos os tempos, que me lançou oficialmente pro mundi da música (entre tantos outros artistas) com um repertório maravilhoso que fizemos, com releituras caprochadas, difíceis de fazer e escolher entre centenas de clássicos que ela gravou.

 4 – Quando não está fazendo shows, qual é seu lazer favorito?

R – Levar meu neto Fernando (que ganhou uma música “O Menino Fernando” no meu EP “Bala Perdida”, lançada no Domingão do Faustão em maio deste ano e posteriormente nas plataformas digitais) à feira de rua no bairro Laranjeiras onde moro, ir ao cinema, sem nunca deixar de ler os jornais impressos todos os dias, viajar a lazer, ver filmes no canal NET, futebol, séries da Netflix, ir à praia, etc.

5 – Que música gostaria de ter composto?

R – Não existe uma, mas várias canções. Eu compus “Certas Canções” com Milton Nascimento que traduz bem isto… Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim, que perguntar carece: como não fui eu que fiz? Baseada em Ebony and Ivory de Paul McCartney. Esta é uma delas, mas são muitas as canções que influenciam a gente. Clássicos nacionais e internacionais. Temos os compositores Tom Jobim, Ary Barroso, Milton Nascimento, entre tantos outros aqui no Brasil e Cole Proter, George Gershwin, Lennon e McCartney, Stevie Wonder, Simon e Garfunkel, entre outros lá fora.

6 – O que espera do novo presidente?

R – Coerência, seriedade, patriotismo, visão e competência pra dar um jeito num Brasil tão combalido pelos políticos, empresários, militares, como digo na minha música “Bala Perdida” lançada em maio deste ano: é a grana que corrompe o cidadão! Tá no asfalto, tá no morro, nos condomínios, nos palácios, tá nos impostos que pagamos pra morrer! Que ele tente inverter a situação!

7 – Quem são seus maiores ídolos no Brasil?

R – Ah, são muitos! Pra citar alguns: Elis Regina, Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Gil, Caetano, Chico Buarque, Baden Powell, Edu Lobo, Villa Lobos, Carlos Drummond de Andrade, Luis Fernando Veríssimo, Jorge Amado, João Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Tamos, Clarisse Lispector, entre outros.

8 – Quanto vai pintar um novo CD ou DVD?

R – Já está nas plataformas digitais deste junho meu EP “Bala Perdida” com cinco faixa inéditas, além de dois compactos simples, mais sete albuns, todos guardados a sete chaves na gravadora Universal Music e agora disponíveis. Muita novidade, pois eles nunca tinham  virado CDs.

9 –  Outra vez você e o cantador Cirinho Rio Doce estarão juntos. Como vê o trabalho dele?

R – O Cirinho Rio Doce é um cantador competente no que ele faz, que é cantar suas canções com um discurso direto com seu público em prol da resistência ecológica e social, sem nunca perder a ternura.

10 –  Você tem um público fiel no ES, e participa de novo do “ Canto do Rio Doce”. Como viu a tragédia do Rio Doce?

R – Vi a tragédia com uma coisa totalmente irresponsável por parte daqueles que só visam o lucro, não investindo no que temos de melhor, e que dependemos diretamente dela: a mãe natureza! um dano irreparável pra todos nós e principalmente aos povos indigenas que restam e dependem exclusivamente do Rio Doce pra sobreviver. Um crime à humanidade e até hoje esta coisa se arrasta, sem a punição aos culpados restante pra nós uma tristeza que não tem fim!

11 – As questões ambientais te preocupa muito? Já pensou em fazer uma canção voltada a natureza, ou já fez em outras obras?

R – Com certeza nos preocupa, pois dependemos da natureza pra sobrevivermos. A canção “O Menino Fernando” tem um toque bem legal que diz: toda criança é a eterna lembrança de que a vida tem tanta importância, aqui na Terra ou em qualquer planeta, temos que aprender a conviver com a natureza.

12 – Qual seria o mundo que Tunai gostaria de Ver?

R – Um mundo mais igual pra todos, baseado nas leis de Deus! 

13 – Sua obra é muito cantada por cantores da noite. A nova geração se identifica com sua música?

R – Parece que sim e fico muito feliz que isso aconteça pois a ideia do “artista” é esta: deixar sua obra vida.

14 –  Você estará no IFES, em Itapina, junto com Cirinho. Como será o show, velhas canções e novas também? Vai rolar uma parceria?

R – Um roteiro priorizando os sucessos de carreira, algumas novas canções do meu EP “Bala Perdida” e sim, uma parceira com o Cirinho em uma de suas canções.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *