O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que “falsas narrativas” envenenaram o relacionamento do Brasil com os Estados Unidos, sobretudo pela atuação de brasileiros ligados ao governo de Donald Trump — em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista ao jornal Washington Post, divulgada nesta segunda-feira (18/8), Moraes destacou que sempre buscou inspiração na governança americana, citando pensadores como John Jay, Thomas Jefferson e James Madison.
“Todo constitucionalista tem uma grande admiração pelos Estados Unidos”, destacou o ministro.
Segundo Moraes, Brasil e Estados Unidos mantinham relação histórica de amizade, mas os recentes desgastes foram motivados por desinformação propagada por políticos brasileiros. Ele citou nominalmente Eduardo Bolsonaro.
“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento — narrativas falsas sustentadas pela desinformação disseminada por essas pessoas nas redes sociais”, afirmou Moraes. “Então, o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas.”
O ministro também refletiu sobre a perda de liberdades individuais, após ter sido sancionado pela Lei Magnitsky, medida que inclui restrições de visto e bloqueio de bens. “É agradável passar por isso? Claro que não é agradável”, ressaltou.
Apesar disso, Moraes reforçou que seguirá trabalhando. O magistrado lembrou que a Polícia Federal (PF) conduz um inquérito para apurar a participação de políticos nos EUA em atos contra o Brasil.
“Enquanto houver necessidade, a investigação continuará”, concluiu.
Moraes rebate Marco Aurélio Mello
Moraes defendeu o STF após o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello, hoje ministro aposentado, declarar estar “triste com a deterioração da instituição” e dizer que “a história é implacável” e “acerta as contas depois”.
Moraes, porém, contestou o ex-colega e afirmou que o STF teve de agir como “vacina” diante da infecção do Brasil pela “doença” da autocracia, reforçando o trabalho da Corte diante dos ataques à democracia.
“Não há como recuarmos naquilo que precisamos fazer”, afirmou. “Digo isso com total tranquilidade.”
O ministro também ressaltou que, apesar de estar na lista de sanções da Lei Magnitsky — sobretudo por sua atuação como relator da ação penal contra Bolsonaro —, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguirá conforme previsto.
“Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer”, reiterou o ministro. “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido.”
O presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, agendou o julgamento do núcleo 1 da ação penal, que inclui Bolsonaro e aliados, para setembro, após pedido de Moraes.
Foram convocadas sessões extraordinárias para 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025, das 9h às 12h, além de uma sessão extraordinária no dia 12, das 14h às 19h. O ministro também convocou sessões ordinárias para 2 e 9 de setembro, das 14h às 19h. FotoS: Reprodução Metrópoles. Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/eduardo-bolsonaro-envenenou-relacao-entre-brasil-e-eua-diz-moraes