O deputado estadual Capitão Assumção (Patriotas) protocolou na Vara da Fazenda Estadual a Ação Popular nº 0013652-18.2020.8.08.0024 que pede a abertura imediata do setor de eventos no Espírito Santo com a revogação do art. 4º do Decreto nº 4721-R, de 29 de agosto de 2020 que proibiu as atividades do setor até o dia 30 de setembro.

De acordo com Assumção, é incompreensível que o setor de eventos continue impedido de ter o seu funcionamento, ainda que de maneira restrita e gradual, respeitando as normas de prevenção já existentes.

“É uma verdadeira afronta a um setor que movimenta uma parcela considerável da economia capixaba e tanto contribui para o crescimento do Estado. A prorrogação do ato vem gerando graves danos de repercussão imprevisíveis”, diz. (Continua).

Ao considerar os últimos dados da Covid-19 no Estado do Espírito Santo (número de infectados, curados e mortos) que ensejaram a reabertura gradual de diversos setores da economia local, foram completamente ignorados pelo Governo do Estado, tendo em vista que não se estendeu na mesma proporção, ao setor de eventos, e outros similares, que seguem proibidos de funcionar.

“É um desrespeito ao princípio da isonomia que norteia a Constituição Federal quando o governo permite que outros setores ainda mais abrangentes, complexos e com maior procura, estejam com suas atividades permitidas, desde observadas as devidas normas, mas não inclui o setor de eventos”, afirma Assumção. (Continua).

Juliana Barbosa, atua há 20 anos no setor de eventos  produzindo camarins dos maiores eventos do Espírito Santo, dentre eles o  Villamix, Festeja, Tardezinha, Pedreira em Gurapari, Verão do Mais, entre outros. Para ela, se a Ação Popular for acatada vai socorrer muitas famílias que estão entrando em desespero pelo impedimento de trabalhar.

“Acho incoerente uma pessoa ter que andar a semana toda em um Transcol lotado para ir trabalhar e não poder ter um momento de lazer, aonde ela vai se quiser. A nossa proposta de retomada é seguindo protocolos já apresentados ao governo. Há seis meses estou parada sem trabalhar devido a pandemia, muitos planos adiados ou talvez que nem se concretize , pois o rombo financeiro em minha vida está sendo enorme .  Sou MEI e estou com todas as contas atrasadas porque as contratações são por eventos” . (Continua).

Já a profissional Adriana Jenner faz assessoria de imprensa voltada para o entretenimento, setor que foi o primeiro a parar devido à pandemia. Jenner atuou na divulgação das peças teatrais via WB Produções, shows do Café de La Musique Guarapari, em eventos realizados pela Booa Produções, assessoria do Exagerado (maior feira a varejo do Brasil), entre outros.

“Paramos em março, logo no início, como tinha que ser, mas sempre com a esperança de voltar em agosto. Estamos em setembro e nem sinal de retorno, mesmo vendo inúmeros eventos clandestinos e aglomerações pelo Brasil inteiro. Demorei em me reinventar e acabei virando vendedora parceira Magalu, recebendo uma comissão mínima das vendas”, desabafa Adriana.

O empresário Márcio Ribeiro de Vasconcelos atua há cinco anos no setor, é a empresa dele, a BOOA Produções que traz para o Espírito Santo eventos como o Verão de BOOA, Outros 500 e Camarote Vix. Ele informa que até o final desse mês, mais de 800 eventos terão sido cancelados e que o setor sofre discriminação.

“A falta de respeito do governo com o setor é algo assim…inacreditável. Não só é discriminatório o governo proibir somente nosso setor de voltar a trabalhar, como mostra uma enorme falta de bom senso e nos faz perguntar: há realmente algum critério técnico? Porque da forma que isso vem sendo conduzido, não parece ter”, diz.

Márcio também é um dos responsáveis pelo movimento  #JuntospeloEntretenimentoES que foi criado pelos principais empresários, donos de casas de shows, casas noturnas e fornecedores do setor. O grupo participa de reuniões e negociações com o governo para o retorno das atividades. (Continua).

“Temos um reunião marcada com o governo amanhã (10), mas eles sempre nos enrolam. Estamos desde abril tentando elaborar um plano de retomada seguro, seguindo protocolos de segurança, e o governo não só nos ignora, como não tem nenhum planejamento. No nosso setor, planejamento é fundamental. Estamos prontos e preparados para voltar de imediato, queremos voltar no início de outubro com protocolos seguros…coisa que no feriado vimos que nenhum outro setor tem feito de maneira rígida”.