A produção capixaba de café conilon em 2017 foi na ordem  5.915 mil sacas.

Pelo menos R$ 325 milhões serão incrementados na economia de Linhares.

A safra de 2018 com colheita em cerca de até 30% a mais em relação ao ano passado, que termina agora em agosto, criou boas expectativas junto ao comércio local que espera aumentar o seu faturamento. Conforme o Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper), pelo menos R$ 325 milhões serão incrementados na economia de Linhares só com a venda do café do município. A saca de café está custando região, em média, R$ 320 atualmente.

Paulo Zanoni, da Pianna Veículos, uma das mais tradicionais do setor na região, disse que as vendas de novos veículos alavancou em pelo menos 22% nos últimos 30 dias. Mas para Zanoni, as vendas poderiam ser bem melhores se não fosse a última estiagem, que quase destruiu as lavouras. “Penso que se não fosse a estiagem, o produtor estaria adquirindo mais bens de consumo, mas, em vez disso, está investindo na recuperação do parque cafeeiro”, acredita.

Zanoni informou que a concessionária se preparou  para safra maior e colocou em estoque pelo menos 20 caminhonetes S10 que podem chegar a R$ 180 mil para pronta entrega, mas explicou que para os produtores o preço poderá chegar a R$150 porque ele tem descontos.

Fábio Anderson, 50, um dos gestores Irrigaforte, do setor de irrigação, uma das mais tradicionais do Norte do Estado, disse que a unidade ainda não alavancou as vendas de equipamentos, o que deve acontecer depois de terminada a safra. “A última estiagem foi muito danosa a lavoura, agora com uma safra maior, esperamos um acréscimo de até 30% a mais nas vendas pois o produtor vai ter que recuperar os cafezais”, avalia. Outro que vê expectativas é José Edvaldo Pandolf, da Ótica Avenida. Ele também ainda não sentiu o termômetro de melhores vendas por causa do café, mas é da mesma opinião de que as vendas melhores depois de terminada a safra.

ESTIAGEM –  0s meeiros que trabalham nas fazendas do Espírito Santo tiveram prejuízo com a seca que afetou o Estado. A meeira Alice Eque Nass, de 51 anos, que mora em Colatina, no Noroeste do estado, conseguiu produzir apenas uma saca e meia de café conilon em 2016. Com a baixa produção, ela precisou conciliar a produção de café com outras atividades para conseguir se manter.

Muitos meeiros também chegaram a ficar endividados como os produtores e, até hoje, sentem os efeitos da crise hídrica, como o meeiro Ademar Hommer, de 51 anos, também de Colatina. Na propriedade, são 10 mil pés de café, mas em 2016 não conseguiu produzir nada. “Estamos com dívidas para pagar, como com o adubo, e não tem como honrar o compromisso porque não deu café. Todo mundo vai se virando.

Tem a aposentadoria da família que ajuda a comprar comida, mas tem dois anos que não compro uma calça e uma camisa”, reclama. Ele explica que toda a família precisou se adequar à nova realidade e conciliar o serviço do campo com outros afazeres. O filho é músico e a mulher faz faxinas para ter uma renda extra dentro de casa. “Está tendo o esvaziamento da roça que é absurda. O pessoal está indo atrás de emprego na cidade.”

Conforme José Mauro Bonisenha (Foto), 52, Agente de Extensão do órgão em Linhares, o município conta com 18 milhões de hectares plantados, 100% da espécie conilon, com produtividade 15 a 120 sacas por hectares, mas a média, explicou Bonisenha, é de 45 sacas. “O aumento de produção foi devido as chuvas do primeiro semestre”, explicou. O distritos de São Rafael e Rio Quartel representam cerca de 75% da produção cafeeira de Linhares. RadarGeral.Com tentou obter junto ao escritório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informações de quantos catadores participariam da colheita deste ano, mas os funcionários informaram que esses dados ainda estão sendo apurados pelo último Censo realizado. A reportagem tentou ainda obter o número de produtores da cultura do município.

SAIBA MAIS – A produção capixaba de café conilon em 2017 doi na ordem  5.915 mil sacas. A estimativa representou acréscimo de 17,5% em relação a 2016. Os dados foram levantados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e entregues à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O curioso é que a área cultivada vem diminuindo no Estado ao longo dos anos. Ainda assim, o Espírito Santo é responsável por 62,4% da área total cultivada no país: possui 266,47 hectares cultivados de conilon. Por conta da seca, muitos produtores fizeram podas drásticas nos cafezais e erradicaram as lavouras. Com isso, a área de café conilon em produção no estado diminuiu em mais de 10%.