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Investir em deep techs vale a pena?, explica maior especialista do setor da América Latina

*Por Ana Calçado 

Quando digo que deep techs têm chamado a atenção dos investidores, não é mentira. Elas são a nova onda da inovação. Mas afinal, o que são deep techs? Em linhas gerais, deep techs são startups com base tecnológica ancoradas em pesquisas científicas criadas principalmente para tentar resolver grandes problemas que afetam o mundo ao seu redor. Esse termo surgiu principalmente da necessidade de diferenciar as startups que criam soluções a partir de tecnologias puramente digitais, daquelas que, propriamente, desenvolvem suas próprias tecnologias por meio de ciências e pesquisa, principalmente em áreas como medicina, engenharia, química, biologia, física e matemática.

Mas por que investir em deep techs está sendo uma alternativa cada vez mais atraente? Podemos dizer que muito por conta da emergência global e o aumento da complexidade dos desafios em setores como saúde, clima e cibersegurança. Uma pesquisa realizada pela Hello Tomorrow, uma organização internacional que promove startups de tecnologia profunda em estágio inicial, mostrou um crescimento de quatro vezes nos valores de investimentos em deep techs de 2016 a 2020, indo de US$ 15 bilhões para US$ 60 bilhões, com isso, espera-se que até 2025 sejam investidos cerca de US$ 200 bi em deep techs. Outro fator, vem a ser a grande possibilidade de impacto mundial destas soluções. Ou seja, as deep techs estão em alta sim!

Ao meu ver, os grandes problemas da sociedade demandam soluções de fronteira, que rompam o status quo e viabilizem o que pode parecer impossível. O próprio relatório da Hello, afirma como o impacto socioambiental, por meio da ciência e tecnologia, está crescendo, muito por conta da ascensão das deep techs.

Cada vez mais, no nosso país, o investimento em deep techs vem sendo impulsionado, seja por hubs de inovação ou por investidores especializados em diferentes áreas do mercado. Acredito que o Brasil tenha um forte potencial para ser ainda maior, quando levamos em consideração que o país é líder mundial na produção de conhecimento científico dentro do tema de biocompostos amazônicos.

Por isso, não me restam dúvidas em dizer que as deep techs têm o potencial de moldar nosso futuro de inúmeras maneiras. Resta às partes interessadas abordar a oportunidade que está sendo formada e agarrar o futuro. Pense nisso!

*Ana Calçado é CEO e presidente da Wylinka, organização sem fins lucrativos que transforma o conhecimento científico em soluções e negócios que melhoram o dia a dia das pessoas e fomentam o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil. Pós graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, com estudos de pós graduação em Inovação pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT – professional education), mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Ana também é doutoranda pela USP em Administração e pesquisadora em Inovação e Gestão Tecnológica.

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