Hoje pela manhã pelo menos um dos moradores das 48 famílias resistia a sair de sua casa.
A Renova enfrenta enormes dificuldades em locar imóveis em Linhares, apesar da grande oferta de residências vazias na cidade.

Dezenas de populares estão nesse momento no local onde será aberta hoje (22), por volta das 8:30 h, o canal que vai liberar pelo menos 100 mil litros por segundo da Lagoa Juparanã ao Rio Pequeno, em Linhares, Norte Capixaba. A Polícia Militar, Defesa Civil e a Guarda Municipal estão no local para garantir a segurança. O trânsito sobre a ponte do Rio Pequeno será no sistema de pare e siga.
RESISTÊNCIA – Hoje pela manhã pelo menos um dos moradores das 48 famílias resistia a sair de sua casa. Funcionários da Renova e até um dos moradores, líder das negociações entre a Fundação, ministérios público estadual e Federal e a Procuradoria da República, ajudou a encontrar uma solução que ajudasse a resolver o impasse. A maioria das famílias da Vila dos Pescadores, como é conhecida a Avenida Beira Rio, foram deslocadas para residências alugadas pela Renova, casa de parentes e hotéis da cidade. Os que estão na rede hoteleira deverão ficar pelo menos nos próximos oito dias hospedados.
OLHO GORDO – A Renova enfrenta enormes dificuldades em locar imóveis em Linhares, apesar da grande oferta de residências vazias na cidade. É que, segundo apurou a reportagem, nas casas escolhidas pelos moradores os preços do aluguel quase que quadriplicaram numa verdadeira exploração e falta de solidariedade com os moradores da Vila dos Pescadores. Outro motivo, que revoltou e indignou os moradores é que alguns proprietários de imóveis se recusaram a locar depois que souberam que era para os impactados do Beira Rio, como também é conhecido o local. Conforme apurou Radar Geral, chegou ao ponto de um imóvel apontado pela Renova e aprovado pelo morador, ser recusado porque o proprietário “alegou que só alugava para médico e de pessoas de outro nível”. Outro locatário disse que “na Vila só tem bandido, e não alugaria”. Conforme ainda apurou Radar Geral, os moradores da Vila dos Pescadores é composta por pessoas de todas as classes sociais, são todo trabalhadores no comércio local, pequenos comerciantes e a maioria sobrevive mesmo da pesca no Rio Doce.
ACORDO – Pelo menos seis reuniões foram feitas entre os moradores e a Renova, e outras dez entre os moradores. Na última reunião ocorrida ontem, no Nice Avanza, contou as presenças de uma Força Tarefa composta pelo Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública, moradores e Renova. Os moradores só concordaram em sair do local depois de que obtivessem uma série de garantias, como o de retorno a seus lares, indenização aos comerciantes, reparação financeira por danos morais por constantes constrangimentos, estresse e degradação humana. (Mais fotos abaixo).
SAIBA MAIS – Ao contrário do que se possa pensar, a Vila dos Pescadores não é área invadida. Muito pelo contrário, é um local histórico e os moradores estão no local desde o ano de 1800 . Foi na Vila dos Pescadores que o Imperador D. Pedro II desembarcou quando esteve visitando a região em 1860. O imperador veio a Linhares em fevereiro, chegando de canoa pelo Rio Doce. O nobre visitou a Lagoa Juparanã, escolas e lideranças do município, quando o local estava perto de completar 30 anos de emancipação. A estadia do português no município linharense foi por cerca de quatro dias. Circulando pela localidade a cavalo, o imperador foi embora de Linhares, depois de se deslocar de canoa novamente até outra parte do Rio Doce, próximo a Regência, e seguir viagem em um barco a vapor. Dom Pedro II ficou durante os 15 dias – de 26 de janeiro e 9 de fevereiro de 1860 -, no Espírito Santo, chegando às terras capixabas de navio, desembarcando no Porto de Vitória e percorrendo partes do Estado a cavalo.