Um desses super salários ultrapassam a R$ 6.5 mil mensais por 150 horas semanais de trabalho .
O presidente Ricardinho da Farmácia demitiu em 2017 um total de 78 cargos comissionados, mas ainda é pouco .
Em tempos em que o país atravessa a maior crise econômica de sua história, segundo os principais analistas econômicos, e uma população cansada de corrupção, desvios e desperdícios com seus impostos, a Câmara de Vereadores de Linhares, município do Norte do Espírito Santo, há cerca de cerca de 133 quilômetros da capital – Vitória – , esbanja fôlego e parece não estar nem aí para as demandas populares. São 155 cargos de comissionados e 53 efetivos. Os salários ultrapassam a R$ 6.500,00 mensais. Um dos funcionários, que ocupa o cargo de Procurador Jurídico – João Paulo Lecco Pessotti -, recebe mensalmente por 150 horas de serviço R$ 6.592,00 chegando a ter rendimento maior do que os próprios vereadores. Um parlamentar de Linhares recebe no contracheque cerca de R$ 6.192,00.
O uso de impostos dos cidadãos no inchaço de pessoal em cargos comissionados e efetivos virou uma rotina no Legislativo brasileiro. Em Linhares, a situação não é diferente e o órgão também faz a sua parte na lambança usando recursos do cidadão para o inchaço da máquina – são dez assessores por vereador. Nos Estados Unidos e nos principais países da Europa em muitas cidades do mesmo porte de Linhares, com cerca de 160 mil habitantes, conforme apurou Radar Geral, o número de servidores não ultrapassam a 20 para todos os parlamentares municipais, e sem carro e motoristas para o presidente e outras mordomias pagas com impostos do contribuinte.
Conforme o Portal da Transparência do legislativo linharense na folha de pagamento consta desde guardas, Diretor de Imprensa, Controladoria Geral, Chefe de Gabinete da Presidência e Assessor Parlamentar, com o menor salário sendo de R$ 973,00. Os melhores vencimentos são ocupados pelo Diretor de Imprensa, Ouvidoria e Comunicação – Aline de Souza Gregório, R$ 6 mil; pelo Controlador Geral – Anael Carlos Caliman, R$ 5 mil; por Frank Coutinho de Souza – R$ 6 mil; e, ainda, Marcelo Henrique Bastos Sanson – R$ 6 mil, e outros.
Para Charlotte Chagas,23, moradora do bairro Aviso “está muito difícil para todos, mas não concordo com isso”. “Em vez de tantas pessoas na Câmara, o dinheiro poderia ser usado em outras coisas que precisam de mais recursos na cidade”. O metalúrgico Deraldo José Alvarenga,36, morador da parte central de Linhares, avalia “que a situação é normal em todos o País e faz parte da cultura brasileira”. “Mas não pactuou com isso”, disse.
CORTES – O presidente da Câmara Ricardinho da Farmácia (SD) até vem se esforçando para mudar a realidade, mas é muito pouco ainda, Em junho de 2017 ele chegou a demitir 78 cargos comissionados para reduzir gastos, que gerou uma economia de R$ 130 mil mensais, com a promessa de que esse dinheiro poderia ser usado em melhorias na cidade, conforme disse ele a imprensa no ano passado. “As denúncias que tinham no Ministério Público, de alguns anos atrás, eu tive essa conversa com o MP, logo quando eu entrei na gestão e decidimos, em comum acordo, acabar com esses cargos, até mesmo para a despesa da casa”, falou na ocasião Ricardinho, com a promessa de que, “se necessário, provavelmente, cortamos mais”.
Radar Geral ligou hoje pela manhã várias vezes para Ricardinho da Farmácia para atualizar essas informações, mas ele não atendeu as ligações. A reportagem ligou ainda para os vereadores Gelson Suave (PRP), Rogerinho do Gás e Stefano Silotti (PHS) para saber a opinião deles sobre o assunto mas nenhum deles atendeu as ligações. Apenas o vereador Joel Celestrine (SD) retornou a ligação. Ele disse que em assunto “polêmico assim só falaria através de documento”. Radar Geral também tentou falar com a Assessoria de Comunicação do Legislativo, mas as ligações caíram na caixa postal.